29 de nov. de 2012

Cinderela - 7° Capitulo



Pulei a janela, cai. Pude ver os amigos de meu pai correrem até a janela do meu quarto, e olharem pasmos eu ter pulado. Meu pai se virou, de forma que entendi que estava vindo atrás de mim. Andei, corri, me arrastei. A única coisa que eu tinha certeza que eu estava fazendo era me locomovendo, me afastando. Céus! Sentia-me fraca, mole, a qualquer momento ia cair, sabia disso. Será que é por causa da ferida na minha barriga que não para de soltar sangue? Ou talvez por eu não comer direito a tempos? Pude ouvir alguém gritando, papai? Ele está de terno, junto com mamãe. Poderemos ser uma família de volta como éramos? Você vai me aceitar como sua filha de novo? Cai. Você me pega no colo, me fitando preocupado. Mas esses não são seus olhos, pisco, tentando decifrar os olhos castanhos-chocolates aveludados, que me fitavam. As mãos eram fortes e grandes, senti-me amolecer nos braços daquele ser de olhos brilhantes. E a última coisa que me lembro, é uma voz doce tentar me reacordar.
Acordei, isso tudo foi um sonho? Talvez. Eu ainda tenho 9 anos? Minha mãe ainda está viva? O odor dessa casa não é tão repugnante quanto os antigos. Por que? Acho que minha cabeça vai explodir. Aquele não é meu quarto,definitivamente aquele não é meu quarto. É um quarto muito bonito, por sinal. Olho-me no espelho, eu estou com um roupão de seda fino. Meus olhos estão vermelhos, sinal que eu havia chorado, e fumado um pouco. Então não era só um sonho. Afinal, aonde eu estava?
'Eu estava passando com meus amigos, e nós vimos você correndo. Gritamos, mas você não disse nada.' -Ouvi a mesma voz que tentara me acordar. O vi ao meu lado, e dei praticamente um pulo, e podia jurar que se a cama não fosse tão espaçosa, ou eu tão sotur... Ok, eu não tinha nem resquícios de sorte. Mas, podia jurar que cairia. Meu corpo começou a tremer, minhas roupas haviam sumido, eu estava só com minhas roupas íntimas por baixo daquele roupão, ele era um menino que aparentava ser alguns anos mais velho que eu, só que era forte. Estávamos num quarto vazio, e eu nem mesmo sabia como voltar para casa, nem sabia onde se localizava aquele quarto onde estava. O medo consumia-me. 'Homens são bons até a segunda garrafa' pois é, não confie neles. Homens para mulheres eram ser estupidamente inúteis, que só serviam para lhe dar prazeres, fora isso, inúteis! Senti meu corpo encolher-se.
'Oon... Est... Minhas... Roupas...?' -Não conseguia nem formular uma frase, vi seus olhos fitarem meu corpo preocupados, ao ver o quão eu tremia.
'Você está com frio? -Não... Na realidade, desde que percebi ele ai, meu corpo mesmo arrepiado, se esquentou de uma forma estranha, seria medo? Não sei. Vi seu rosto se ruborizar levemente- Suas roupas... Elas estavam um pouco sujas de sangue, então eu coloquei-as para lavar. Não tem problemas, não?' -Senti-me desesperada, nervosa, se tive-se forças gritaria com ele e começaria a bate-lo perguntando se estaria louco. Ele havia retirado minhas roupas? E perguntou se não havia problema? Era meu corpo, minha dignidade!
'Meu... Corpo...' -Novamente minha voz falha, então imagino, se ele realmente tiver visto meu corpo, deveria envergonhar-me. Meu corpo não era bonito, nele haviam vários marcas, e agora uma ferida. Lembrei-me dela, porque ela não doía mais? Passei a mão pelo local, e notei uma faixa.
'Bem... Eu juro... Que não reparei... Em seu... Corpo. -Ele se ruborizou mais ainda, e o tique em suas mãos mostravam que o mesmo estava mentindo- A faixa? Foi eu que coloquei-a. Meus amigos, e meu irmão... Eles já foram embora.'
'Amigos?' -Disse curiosa, e percebi o quão mais confortável fiquei. E no mesmo me encolhi de novo, e vi o sorriso de decepção do menino-mistério ao ver que eu havia voltado a ficar assustada de novo.
'Ok... Eu estava sozinho. -Admitiu- Mas eu tenho amigos aqui sim, e meu irmão. -Sorriu ao se lembrar, queria poder ter um irmão com quem pude-se contar, e não tive-se segredos. Eu tinha Mel, e possivelmente Soph, mas não era a mesma coisa. Melanie era sem dúvida minha MELHOR amiga, mas eu sabia que não podia envolve-la, não seria justo.- O que aconteceu com... Você?'
'Bem... E... Eu...' -Minhas voz falhou de novo, e ele bufou inconformado.
'Você não notou que eu não quero lhe fazer mal? -Ele disse elevando um pouco a voz, me fazendo me encolher mais.- Então você ainda tem medo de mim? Raios!'
'Des...Descul...Desculpe.' -Voz, porque? Porque me trais descaradamente?
'Já sei... Você vai ter que gritar comigo -Sorriu sapeca, e eu descordei com a cabeça, e seu sorriso só se alargou- Sabia que seu corpo... Ele é bem bonito? Nossa! Numa escala de 0 a 10, ficaria com 11! E seus seios?' -Senti-me enrubescer. Calma, calma, calma! Meus seios? Ele viu meus seios?
'Idiota!' -Pulei em cima dele, e comecei a lhe distribuir tapas no braço, então lembrei da situação. Droga! Eu não devia ter batido nele, me joguei para o outro lado da cama, engatinhando, com medo de sua reação. Ele me encarava sério, e começou a rir, de uma hora para outra.
'Pelo menos a menina do interior tem um lado malvado!' -Ele disse rindo, e me dei conta de quão com raiva dele eu estava. Primeiro ele era gentil, e depois tão incrivelmente retardado.
'Eu não sou menina do interior! E eu não tenho lados! Até você falar dos MEUS seios.'
'Pelo menos agora você não gagueja. Mas relaxa, eu não vi seus seios na verdade...' -Ele riu da minha expressão de indignação. Espere... Eu estava indignada por ele não ter visto meus seios?
'Eu vou embora.' -Me levantei, ainda sim, não confiava nele.
'Interis, você não respondeu minha pergunta.' -Interis?
'Interis?' -O fitei duvidosa.
'É... Interis, interior. Foi o que me veio na cabeça! Enfim, o que aconteceu com você?' -Lembrei-me da situação.
'Nada!' -Respondi as pressas, e ele soltou ar.
'Alguém te bateu, não?' -Ele arqueou as sobrancelhas.
'Não! Foi um... Um... Assalto!' -Falei o que me veio como desculpa, e ele gargalhou.
'Você mente muito mal, cara! Sem contar, que quantas vezes você é assaltada por dia? Porque você tem muitas marcas! -Me calei, não tinha como responder- Eu te entendo...'
'Não! Você NÃO me entende, e sabe porquê? Porque a culpa é toda de vocês! Toda de vocês!'
'Na realidade... Minha mãe apanhava do meu "padrasto" até deixar ele.' -Ele disse com ironia a palavra pai.
'Sinto muito, por sua mãe.' -Disse sem expressar muita emoção, o pai dele batia na mãe dele? Meu pai já bateu em mim e na minha mãe, minha mãe morreu, eu sou solitária, meus avós desistiram de mim. Com a vida, aprendi que eu não devo ter pena de ninguém, sendo que ninguém terá pena de mim.
'Você... Não prefere, tomar um banho?' -Ele perguntou.
'Achei que já tinha tomado...' -Sussurrei para mim mesma.
'Você achou que eu ia te dar banho?' -Ele disse dando um risinho idiota, e vi que ele parou para pensar e sorriu maliciosamente. Por favor, alguém me diz que ele não está pensando em como vai ser tomar banho comigo?
'Não... Eu... Vou embora.'
'Eu não mordo. Juro.' -Ele fez um biquinho, consideravelmente, que ele achava fofo. Mas eu não era uma daquelas garotas que ficam se jogando na frente do primeiro garoto que veem para tirar o atraso [leia-se: Fogo] delas.
'Tudo bem... -Ainda estava com medo, de ser espiada no banho. Mas só garotas bonitas são espiadas, então eu não corria esse risco, certo?- Onde está... Meu óculos?'
'Óculos? Ah! Aquela coisa gigantesca e feia? -Concordei com a cabeça, sem me ofender. A intenção do óculos era ser feio, não?- Eu joguei ele fora.' -Ele disse calmo, e se jogou na cama ligando a televisão.
'Como assim você jogou ele fora? Como você joga as coisas das pessoas fora? Sem ao menos consultá-las? Aliás, como você jogou uma coisa de uma estranha fora?'
'Estranha? Ok, eu sou o Arthur, agora somos conhecidos. E você nem precisava daquele óculos, e nem adianta mentir, ele não tem nem um centésimo de grau, sem contar que você fica mais bonita sem eles.' -Enrubesci um pouco, e ouvi sua risada ao notar disso.
'Você não morde né? -Ele concordou- Mais então por que te morderam?' -Sorri, e sai para o banheiro, deixando-o fitar a marca de mordida e chupão no pescoço. Tranquei a porta do banheiro.
'Acha que eu vou te espiar Lua? Ainda dá para ver pelo buraco da fechadura!' -Ouvi-o gritar, eu tinha que sair daqui um quanto antes.

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