
Tomei um banho rápido, como os de costume. Na minha casa, não podia pagar uma conta de água cara, e mesmo a barata, ainda estava atrasada. E agora, na casa de um estranho, não podia me dar o luxo de demorar. Vi uma toalha jogada, que antes não estava ali. Ele entrou dentro do banheiro? Junto com a toalha, havia uma papel.
"Acalme-se, Interis. Eu entrei de olhos fechados, e sai com eles fechados." Caligrafia consideravelmente bela a um menino que parecia tão desinteressado e inútil. Sim, eu estou o jugando por sua letra e aparência, isso não faz muita diferença, eu nem o conheço. E não pretendo ficar aqui para conhecer.
Vi que ele deixou junto a toalha, uma roupa, talvez de sua namorada. Não ia pegá-la, na verdade, não ia chegar em casa com uma roupa nova, seria considerada pelo meu pai como uma vadia. Mas minha roupa? Onde estava? Coloquei um roupão qualquer que achei, depois pegaria minha roupa. Lembro-me do dia, que Mel me deu um vestido. Meu pai me disse que era uma vadia, e que um "dos meus homens" havia me dado aquilo, sem contar os olhares safados dos amigos dele. Ele me bateu, tanto... Tanto... Senti-me um lixo, fiquei trancada no meu quarto por 4 dias, sem conseguir fazer nada, meu corpo doía.
Flash Back On-
'Feliz aniversário, Lua.!' Mel dizia feliz, me entregando uma embalagem preta e prata.
'Melanie! Não precisava ter gastado dinheiro, você já cuida demais de mim!' Ok, eu sou consideravelmente uma necessitada, mas tudo que eu menos queria era atrapalhar a vida de Mel.
'Hey! Eu comprei porque eu quis, deixa de ser boba!' Ela disse dando um sorriso lindo, e eu mandei-a um beijo, não importava nada, eu tinha a melhor amiga do mundo. Tentei abrir o presente devagar, sem rasgar, mas Mel pegou presente, e o rasgou com vontade.
'Odeio quando as pessoas ficam com "medo" de rasgar a embalagem dos presentes, é divertido, observe.' Ela continuou rasgando-o, com um sorriso de criança nos lábios. Lá se encontrava um belo vestido azul com manchas pretas.
'Mel... É lindo...' Minha vontade era de pular em cima de Mel, e começar a gritar de felicidade, a abraçando, mas me contive.
"A única razão para alguém se decepcionar com você, é tu dar um motivo para que as esperarem algo de ti." Seguia fielmente essa frase.
'Então, não vai vestir?' Sabia que não poderia chegar com um tipo de roupa daquele, principalmente um vestido, que tinha cara de não ser nada barato, mas Mel insistiu, até irmos o banheiro e eu me trocar.
O olhar do meu pai, suas palavras sujas, o olhar malicioso de seus amigos, tudo aquilo, como eu aguentei? Como eu aguento? Como eu aguentarei? Atacaria meu coração, se meu pai não precisasse dele batendo para viver.
Flash Back Of-
Senti algumas lágrimas caindo de meu rosto, e limpei-as. Não tinha tempo para chorar, e sim para sair de lá as pressas. Minha cabeça latejava um pouco, talvez precisava de mais algum cigarro, poderia pegar depois. Ao abrir a porta, vi o menino estranho de cuecas em seu quarto. Não pude deixar de gritar, e fechar a porta do banheiro, minhas mãos tremiam de medo, já havia apanhado, e muito. Mas ser estrupada... Nunca! Minhas mãos não conseguiam fechar a porta, e antes que conseguisse, vi a porta abrisse. Me joguei no chão, recuando para trás, e vendo o rosto desanimado dele. Agora estava vestido com uma calça, mas ainda sem camisa. Por mais medo que eu estivesse, por mais que minha dignidade de perder a virgindade com alguém desconhecido forçada, algo dentro de mim queimava, fazia-me arrepiar. Tesão? Não importa.
'Hey, você pode parar de fugir de mim?' Antes que ele chegasse perto de mim, passei por de baixo de seu braço, já que ele havia se ajoelhado para tentar ajudar-me a me levantar. Fui até a porta do banheiro, e vi seu olhar atentamente fitar meu rosto. 'Com toda certeza foi um homem que te bateu...Venha, pode confiar em mim.'
Ele estendeu a mão em minha direção, e eu ameacei pegá-la, mas então soltei-a, deixando-o novamente no chão, enquanto fechava a porta e colocava meu corpo contra ela. Confiar? Eu não confio nem em mim mesma, quando mais um moleque desorientado, peguei minha roupa em cima da cama, e desajeitadamente me coloquei na frente da porta, me trocando ainda apoiada nela para ele não abrir.
'Hey! Deixe-me sair, sim?' Mais um motivo para não confiar nele: Ele era muito mais forte que eu, se quisesse, já teria aberto essa porta a muito tempo. 'Ao menos posso saber seu nome, você sabe o meu, nada mais justo, não?'
'Não, me deixa em paz!' Sai correndo, e pude ouvir a porta se abrindo devagar, enquanto eu saia dali. Logo estava na rua, já estava escuro, e frio. O asfalto da rua estava consideravelmente frio, então fui notar estar descalça. Não acredito que deixei meu All Star lá. Bem, agora não poderia voltar para pegar. Corri, com todas as forças que ainda me restavam, considerando que tinha uma enorme facha na minha barriga, e não havia comido praticamente nada.
Sentei-me numa calçada que achei, talvez o dono da loja me expulsasse da calçada, dizendo que mendigos espantam a clientela, ou até mesmo, dissesse que ali não era ponto de prostituição.
Fiquei encarando meus pés sujos de correr descalça por ai, eu vivia outra realidade quando criança. Agora pude perceber o quão frio estava, minha pele se arrepiava, enquanto eu abraçava-me tentando trazer-me mais calor. Vi que duas pessoas se sentaram ao meu lado, e estava pronta a me levantar, até uma mão com dedos finos e unhas grandes segurar minha mão. Fitei o rosto da menina, morena, tinha por volta de minha idade, boca vermelha, bochechas rosadas, cabelo brilhante, linda. Ao lado dela Maker, mas agora com o cabelo um quanto arrumado, enquanto retirava o casaco e entregava para a menia ao seu lado, oras, oras, Wash tem uma namorada? Isso explica ele estar parecendo gente.
'Oi...' A menina disse, sua voz era bonita, e ela parecia feliz com seu namorado retardado, talvez eu pudesse ter uma vida assim. 'Posso te ajudar? Você é amiga do Maker?'
'Acho, que... Acho que é assim que estão sendo tituladas pessoas que são obrigadas a conviverem juntas, certo?'
'Está tudo bem?' Ela pareceu ignorar meu comentário imbecil, ótimo, ela é bonita e legal, dá para piorar a situação, não, vida?
'Estou, olha, eu tenho olhos...' Ela deu um pequeno riso, ok, cadê o amor próprio dela, para me dar um tapa na cara?
'Você está descalça...' Maker disse apontando para meus pés lindamente sujos,.
'Eu sei.' Ainda estava com o sangue um pouco nervoso por culpa daquele sujeito do apartamento, mas se Maker fizesse menção de chegar próximo a mim, eu correria como se não houvesse amanhã.
'Quer que nós te levamos para casa?'
'NÃO!' Meu desespero foi notável, então diminui o tom de voz, ao notar o espanto de ambos. 'Não precisa, você e sua namorada estão aí...'
'Mas tá escuro, um homem acompanha moças quando está de noite, e eu sou homem. A Aline confirma, né?' Ele disse talvez por instinto de falar idiotice, e levou um tapa da namorada no meio da testa. Então ele começou a fitar minha blusa.
'Isso na sua blusa é sangue?' Maker apontou para parte onde se encontrava a ferida da garrafada.
'Não... Minha blusa está menstruada.' Disse a primeira coisa que passou pela minha cabeça e sai dali.
maaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaais
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